Este espaço não se sustenta na crítica jocosa ou no comentário político, não se constrói como tal.
Isto dito, para o bem ou para o mal, peço que no texto que se segue se substituam os asininos referidos por outras alimárias, as de bossa. O escrito é de Alberto Pimentel, estudioso de Lisboa, e data do final do séc. XIX.
“Estava finalmente diante do Tejo. (…)
Sendo impossível lançar sobre as águas uma ponte, em razão da extrema largura do Tejo, encarregam-se da travessia os vapores do sr. Burnay, que, em poucos minutos, nos depõem na outra-banda. Chegados ao cais de Cacilhas, célebre pelo assassinato do general Teles Jordão [?], em 1833, é acometido o viajante por uma chusma de rapazes do sítio, que vem oferecer os tradicionais burrinhos.
Vamos ao castelo de Almada, à Fonte da Pipa, à fábrica da Margueira, e ainda mais longe, ao Pragal, ao Caramujo, à Cova da Piedade – nos burrinhos.
É portanto o Tejo a barreira interposta ao presente e ao passado, porque na margem direita silva o caminho-de-ferro, rodam os ónibus e os trens, há o grande movimento das modernas capitais, e na margem esquerda vão subindo, vergastados pelos rapazes, para o Alfeite ou a Amora, os anacrónicos burrinhos das bíblicas peregrinações. (…)”
Será que a incongruência de que tanto se fala se tratou apenas de um descuido … de um século?
Bibliografia e Imagem
3 comentários:
:)))
Até pode ser descuido para quem não vê o presente por mor de umas palas perto dos olhos. ;)
Porque as "cameladas" só se repetem cá no deserto uma vez por ano, na altura do S. João, numa peregrinação de alimárias de Cacilhas à Cova da Piedade.
E mesmo que dinamitem as pontes, continuam os barcos a levar gente, como no século XIX levaram o liberalismo para Lisboa, depois da derrota do Quinzinho Teles Jordão ficando na margem esquerda a Avenida 23 de Julho e na margem direita a Avenida 24 de Julho.
Olá Maria,
não sabia da burricada e a tua nota sobre o general Quinzinho redobrou-me a curiosidade sobre essa história.
Até mais ver.
:)
Mas é tudo a brincar...
Como era no final do século XIX, começo do século XX...
Mas estamos cá, rente ao Tejo, sem medos dos "camelos", porque, "burros, só uma vez por ano...
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